terça-feira, 11 de novembro de 2008

NOTÍCIAS



Malária. Maior atenção durante a gravidez

Diário do Pará
Malária durante gravidez já preocupa pesquisadores.
A malária, considerada uma das três doenças mais letais nos países de clima tropical – e que teve mais de 2,5 milhões de casos registrados no Brasil, de janeiro de 2004 até junho deste ano -, vai ser objeto de dois estudos científicos de grande impacto em saúde pública, a partir deste segundo semestre, no Estado do Pará.
Um deles, aliás, de abrangência maior e amplitude internacional, vai alcançar também outros Estados da Amazônia e tem como público-alvo especificamente as gestantes.
Patrocinado no plano internacional pelo Consórcio Mundial de Malária em Grávidas e pelo Centro de Controle de Doenças Infecciosas e Parasitárias dos Estados Unidos, esse estudo abrange dois continentes – o africano, onde se concentram 80% dos casos de malária do mundo -, e o sul-americano. No Brasil, com o patrocínio do Ministério da Saúde, os trabalhos de campo devem começar entre o final deste ano e o início de 2010.
De acordo com o médico e farmacêutico José Maria de Souza, coordenador do Programa de Ensaios Clínicos em Malária do Instituto Evandro Chagas, as pesquisas vão se desenvolver simultaneamente em Manaus e Coari, no Amazonas, em Porto Velho (Rondônia) e em Cruzeiro do Sul, no Acre. No Pará, o município escolhido foi Anajás, na ilha do Marajó, considerado uma das áreas críticas para a doença na região Norte.
O pesquisador do Instituto Evandro Chagas destacou que as grávidas não têm recebido, até hoje, o acompanhamento adequado que normalmente é dispensado no tratamento das não grávidas e dos homens. “É chegada a hora de uma atenção maior”, afirmou José Maria de Souza, acrescentando que a infecção da mulher grávida pelo parasito da malária – o Plasmodium falciparum ou Plasmodium vivax – pode afetar o desenvolvimento do feto.
Nestes casos, segundo ele, o bebê pode nascer abaixo do peso, prematuro ou com anemia. Também pode ter alterado o seu desenvolvimento neuromuscular e, nos casos extremos, pode até nascer morto.
Até pouco tempo atrás, conforme frisou o pesquisador, considerava-se como malária maligna a doença provocada pelo “Plasmodium falciparum”, ficando subentendido que seria benigna a malária vivax.
Hoje já se sabe que não é bem assim e que a infecção por “Plasmodium vivax” pode ocasionar complicações graves, inclusive com óbito. Por isso, o estudo com grávidas vai contemplar as duas formas da doença, conforme fez questão de frisar o pesquisador do Evandro Chagas.
ESTUDOS
A preocupação com a malária vivax, aliás, é hoje tão presente que um segundo estudo, este específico para a forma considerada menos agressiva da doença, reúne em Belém um grupo de pesquisadores, num trabalho que está em fase inicial e que vai dar origem a várias teses de mestrado e doutorado.
“Como temos ainda muitas dúvidas sobre o “Plasmodium vivax”, queremos reestudar os seus aspectos morfológicos”, afirma José Maria de Souza, coordenador do estudo. Aparentemente já sem descartar a possível existência de subespécies, ele acrescenta que os pesquisadores pretendem verificar, principalmente, se há alguma diferença entre os parasitos, que, à primeira vista, parecem rigorosamente iguais.
Anajás: população dorme com o inimigo
Não é por acaso que Anajás, na ilha do Marajó, é um dos municípios brasileiros com mais alta incidência de malária. Um estudo realizado pela seção de parasitologia do Instituto Evandro Chagas constatou que na própria área urbana do município há condições favoráveis à transmissão da doença. A informação é da pesquisadora Marinete Póvoa, responsável pelo Laboratório de Pesquisas Básicas em Malária do IEC.
Em Anajás, segundo ela, foram analisados de janeiro a julho deste ano 60.472 lâminas, das quais 13.637 (22%) deram resultado positivo. Em 73% dos casos, o doente tinha a malária vivax, contra 25% da falciparum. Os restantes 2% apresentavam infecção mista, ou seja, tinham o organismo infectado pelas duas espécies do protozoário causador da malária.
De acordo com Marinete Póvoa, o inquérito entomológico em Anajás foi conduzido na área urbana do município exatamente para verificar o risco de transmissão malárica na cidade – já que na zona rural a transmissibilidade dispensa comprovação.
Embora a densidade do mosquito tenha sido baixa, a taxa de infectividade, de 6% (considerada altíssima) e o encontro de espécimes positivos em todos os bairros indicaram alto risco de contrair a doença.
Outro fato que deixou preocupados os pesquisadores foi a presença muito forte (381, de um total capturado de 429 mosquitos transmissores de malária) do “Anopheles darlingi”, cujos hábitos fazem dele o principal vetor da doença na região. Vivendo dentro de casa ou no entorno próximo dos domicílios e cultivando uma especial predileção pelo sangue humano, ao qual confere quase que absoluta exclusividade, o “A. darlingi” representa uma séria ameaça à saúde pública. Ou seja, a população de Anajás está dormindo literalmente com o inimigo.
(Fonte: Diário do Pará)
[01/09/2009]
Leia mais em: http://www.diariodopara.com.br/noticiafullv2.php?idnot=58599

Pesquisadores brasileiros discutem o controle da leishmaniose visceral a partir de avanços científicos do Reino Unido
30/11/2009
Representantes da comunidade científica paulista participaram, dia 24/11, na sede da Fapesp, do Workshop sobre Leishmaniose Visceral e Feromônios.Iniciativa conjunta da Fapesp e do Consulado Britânico em São Paulo, o encontro colocou pesquisadores brasileiros em contato com avanços científicos alcançados no Reino Unido tendo em vista o controle da leishmaniose visceral e pôs em discussão futuras parcerias em pesquisas na área.De acordo com uma das responsáveis pela organização do evento, Marie Anne Van Sluys, professora do Instituto de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP), o eixo central do debate foi uma palestra apresentada por Gordon Hamilton sobre pesquisas realizadas por seu grupo na Universidade de Keele, no Reino Unido.“Tivemos a participação de representantes da comunidade científica do Estado de São Paulo que trabalham com todos os aspectos que envolvem a leishmaniose. Eles entraram em contato com o trabalho desenvolvido pelo grupo de Hamilton, cuja proposta específica consiste em estudar os feromônios e utilizá-los como controle biológico do parasita”, disse Marie Anne.Participaram do workshop cientistas que coordenam projetos apoiados pela Fapesp nas modalidades Auxílio à Pesquisa – Regular e Projetos Temáticos, entre outros.Os feromônios são substâncias químicas emitidas por animais de uma mesma espécie para permitir o reconhecimento sexual. A proposta do grupo de Keele consiste em utilizar feromônios produzidos pelo vetor da leishmânia, o mosquito-palha (Lutzomyia longipalpis), a fim de combater a proliferação da doença.Dados do Ministério da Saúde mostram que a leishmaniose – considerada uma doença negligenciada – teve sua letalidade aumentada em 85% entre 1994 e 2003. Houve ainda um aumento de 61% nos casos entre 2001 e 2006.Segundo Marie Anne, que é coordenadora adjunta da área de ciências da vida da Fapesp, o workshop permitiu o estabelecimento de um primeiro contato entre os cientistas paulistas e as pesquisas de Hamilton apoiadas pela Wellcome Trust – principal fonte não-governamental britânica de investimentos para a pesquisa biomédica.“Em paralelo a essa iniciativa, estamos fazendo um esforço para estreitar os laços entre a Fapesp e a Wellcome Trust, no intuito de estabelecer futuras parcerias, como a que foi desenvolvida pela Fundação com o King’s College London, por exemplo”, disse.A Wellcome Trust demonstrou interesse, por meio do Consulado Britânico, em futuras parcerias. A pesquisa em leishmaniose foi o primeiro ponto de contato, uma vez que os estudos coordenados por Hamilton, realizados há três anos e meio, estão avançados.“Eles estão na reta final e pretendem apresentar nova proposta à Wellcome Trust, com possível participação brasileira. Para isso, precisavam de uma demonstração de que existe em São Paulo uma comunidade científica instalada, competente, atuando sistematicamente na área”, explicou.Marie Anne ressalta que o workshop se mostrou efetivo para articular a comunidade científica em torno do tema. “O resultado imediato é a identificação de três grupos que podem contribuir com a proposta apresentada pelo professor Hamilton. Além disso, a comunidade demonstrou interesse em se organizar e formar uma rede que eventualmente pode vir a ter uma parceria com a Wellcome Trust”, disse.
Doenças negligenciadasDe acordo com o vice-cônsul de ciência e inovação do Consulado Britânico de São Paulo, Demian Popolo, o Brasil e o Reino Unido têm um número considerável de projetos conjuntos, mas essa cooperação poderia ser levada a um nível mais alto com a perspectiva de uma parceria entre instituições como a Fapesp e a Wellcome Trust.“Depois dos Estados Unidos, o Reino Unido é hoje o maior parceiro do Brasil em pesquisa científica, considerando-se as publicações conjuntas entre os dois países. Essa relação funciona bem, mas seria interessante internacionalizar também o financiamento à pesquisa, além da produção científica propriamente dita”, disse.Para Popolo, o workshop mostra como o papel da Fapesp será fundamental para que as instituições britânicas tenham acesso à comunidade científica brasileira. “Os cientistas entram em contato em congressos internacionais de forma um tanto individualizada. Mas aqui na Fapesp temos a oportunidade rara de reunir toda a comunidade científica em torno de um tema, envolvendo diferentes disciplinas”, destacou.Segundo ele, o workshop foi uma oportunidade para confirmar que a qualidade e quantidade da pesquisa em São Paulo abrem realmente perspectivas para projetos conjuntos.“Queríamos ter certeza de que há potencial para que nossos cientistas ajudem os pesquisadores brasileiros e vice-versa, a fim de que possamos pensar em algo mais robusto que parcerias fundamentadas em bolsas, como, por exemplo, programas específicos”, afirmou.A escolha do tema da leishmaniose, segundo ele, é a resposta do governo britânico a uma demanda da comunidade científica, e por consequência da sociedade.“A ciência britânica é muito independente e temos muita gente trabalhando em doenças tropicais. Por várias razões, nossa comunidade científica é a segunda maior do mundo na área de doenças negligenciadas. Estabelecer parcerias é importante porque aumenta a chance de implementação efetiva de inovações geradas pelo conhecimento que acumulamos na área”, disse.
Fonte: agência fapesp

Mortalidade provocada pela doença de Chagas preocupa Pernambuco
30/11/2009
O Brasil recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em 2006, uma certificação internacional da eliminação da transmissão da doença de Chagas. Mas, em 2009, ano do centenário da descoberta da doença por Carlos Chagas, a enfermidade continua sendo uma das importantes causas de morte no país. Em Pernambuco, onde ela é considerada endêmica, pouco se sabe sobre o perfil das pessoas que morreram em decorrência da enfermidade nos últimos anos. Estudo realizado pelo Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM/Fiocruz Pernambuco) mostrou que, de 2000 a 2006, ocorreram 738 óbitos no Estado, uma média de 123 casos/ano. A maioria dos óbitos ocorreu em indivíduos acima de 60 anos (61,2%) e na faixa etária de 40 a 60 anos (31,7%). Os homens (61,1%) faleceram mais do que as mulheres (31,9%). “A mortalidade mais elevada na população idosa indica que indivíduos chagásicos nessa faixa etária devem ter atenção prioritária no acompanhamento médico-hospitalar, com o objetivo de minimizar a mortalidade por essa endemia no nosso Estado”, explica Romero Vasconcelos, colaborador do Serviço de Referência em Doença de Chagas da Fiocruz Pernambuco. De acordo com Vasconcelos, as informações também são importantes para o planejamento da atenção ao portador da doença em Pernambuco, pois 37,9% das mortes ocorreram na Região Metropolitana do Recife, 29% no Sertão e 18% na Zona da Mata do Estado. Recursos materiais e treinamento de pessoal devem ser destinados ao cuidado dos pacientes com as diversas formas crônicas da doença (cardíaca, digestiva ou mista). “Isso é necessário em todos os níveis de atenção médica para que haja um melhor acompanhamento e a redução na mortalidade de pacientes que provavelmente se contaminaram nos anos 1960 e 1970”, finalizou. A pesquisa se baseou nos dados registrados no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) da Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE). A orientação foi das pesquisadoras Yara Gomes e Clarice Lins, do Departamento de Imunologia da Fiocruz Pernambuco.


Gestores municipais da Paraíba discutem controle da doença de Chagas

30/11/2009

Em 20 de outubro, foi realizado, na Coordenação Regional da Funasa na Paraíba (Core/PB), um encontro com 31 prefeitos de cidades paraibanas para discutirem a elaboração de inquérito sanitário para os projetos de melhorias habitacionais para o controle da doença de Chagas. Na oportunidade, também foi abordada a importância dos programas de educação e saúde para convênios do Programa de Aceleração do Crescimento da Funasa (PAC/Funasa).
Os municípios escolhidos fazem parte de convênio para melhoria habitacional para combater o vetor da doença de Chagas. Na ocasião, os gestores e técnicos receberam orientação para elaboração do inquérito sanitário seguindo as normas da Funasa. O documento retrata o levantamento das áreas a serem beneficiadas, local onde serão as novas construções e reformas habitacionais visando à saúde pública para atender a comunidade e não somente focos isolados.
Além dos gestores e técnicos dos municípios convidados estiveram presentes o coordenador regional da Paraíba, Álvaro Gaudêncio Neto, o chefe da Divisão de Engenharia de Saúde Sanitária (Diesp), José Helio Ferreira, e Maximiano Monteiro Maia, técnico de saneamento.
O programa de melhoria habitacional, segundo Maximiano, tem a finalidade de orientar os gestores sobre a celebração dos convênios e elaboração da ficha cadastral de saneamento.
Os gestores foram alertados sobre a importância da elaboração de projetos para promover ações de educação em saúde e de mobilização social durante as fases de planejamento, implantação e operação das obras e serviços de engenharia como uma estratégia integrada para alcançar os indicadores de impacto correspondentes. A ação tem por objetivo estimular o controle social e a participação da comunidade beneficiada.
O evento contou com a participação dos gestores das prefeituras de Bernardino Batista, Bom Jesus, Cachoeira dos Índios, Cajazeirinhas, Casserengue, Catolé do Rocha, Conceição, Gado Bravo, Ibiara, Igaracy, Mão d’ Água, Matinha, Monteiro, Nazarezinho, Nova Olinda, Patos, Pedra Lavrada, Piancó, Poço Dantas, Poço de José de Moura, Santa Inês, Santana de Mangueira, Santana dos Garrotes, Santarém, São Bento, São Bentinho, São João do Rio do Peixe, São José de Pinharas, São José do Bonfim, Triunfo e Uiraúna.

Fontes: Funasa


Estudo mostra que exame convencional para diagnóstico de leishmaniose em cães pode apresentar falso resultado positivo

30\11\2009


O destino de cães diagnosticados como portadores de leishmaniose é a eutanásia. Mas, de acordo com um estudo realizado na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, o diagnóstico pautado nos exames sorológicos – recomendado pelo Ministério da Saúde – pode apresentar resultados cruzados e condenar ao sacrifício animais que não desenvolveram a doença.Segundo a pesquisa - que analisou cães nos municípios de Botucatu e Bauru, regiões consideradas como não-endêmica e endêmica, respectivamente - o exame convencional pode detectar no animal infectado tanto o parasita Leishmania sp. como o Trypanosoma cruzi, responsável pela doença de Chagas.De acordo com Simone Baldini Lucheis, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, para evitar falsos positivos seria necessário realizar exames de contraprova, como o exame de reação em cadeia de polimerase (PCR, na sigla em inglês) – uma técnica biomolecular que permite a síntese enzimática in vitro de sequências do DNA.
“O exame convencional para leishmania pode apresentar resultados que seriam falsos positivos e, no momento do exame, o animal pode ter produzido anticorpos contra outros parasitas que são da mesma família da leishmania, como o Trypanosoma cruzi. Em muitos casos, o animal só está infectado por um deles, mas o exame acusa a presença do outro”, afirma Simone.O trabalho foi publicado na revista internacional Veterinary Parasitology. O estudo é resultado da dissertação de mestrado de Marcella Zampoli Troncarelli, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unesp de Botucatu, orientada por Simone, que também coordena o projeto intitulado Isolamento e reação em cadeia pela polimerase (PCR) para Leptospira em amostras renais e hepáticas de ovinos sorologicamente positivos e negativos para leptospirose, que tem apoio da FAPESP na modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.O trabalho publicado analisou amostras de testes feitos com 100 cães do Centro de Controle de Zoonoses, em Bauru – área considerada endêmica de leishmaniose visceral – e outros 100 animais do Serviço de Guarda de Cães em Botucatu, onde a doença não se estabeleceu.De acordo com Marcella, como o protozoário pode provocar reações cruzadas e confundir o resultado, os testes envolveram três tipos de exames. O primeiro – que é recomendado pelo Ministério da Saúde – foi o exame sorológico, feito por fluorescência indireta. Foram utilizados ainda o exame parasitológico direto, para análise do fígado e do baço dos cães, e o exame PCR.“A associação dessas três técnicas ajudou a identificar os animais realmente infectados. E devido a um número preciso que a PCR pôde detectar de animais positivos, mostrou realmente que a sorologia pode falhar nesse diagnóstico”, diz Marcella.Os resultados do exame sorológico apontaram que 16% dos 200 testes tiveram resultado positivo para ambas as doenças. Nas amostras dos cães de Bauru, 65% dos testes sorológicos foram positivos para Leishmania e 40% para Trypanosoma cruzi. Entre os cães de Botucatu, todas as amostras foram negativas para Leishmania e apenas 4% foram positivas para o parasita da doença de Chagas.“Quando fizemos o exame parasitológico e o PCR, eles acusaram, respectivamente, resultados positivos para 59% e 76% nas amostras de fígado e 51% e 72% nas amostras de baço dos cães de Bauru. Isso demonstra que há resultados cruzados”, disse a veterinária.Outro problema do exame sorológico, segundo ela, é que o resultado pode apontar também os “falsos negativos” – isto é, o exame dá negativo, mas na realidade o animal está infectado. “Por algum estresse, o animal não produziu anticorpos suficientes para serem detectados pelos testes sorológicos, mas ele tem o parasita se multiplicando no seu organismo”, aponta.Dos 33 cães que mostraram anticorpos contra ambos os parasitas nos testes sorológicos, 26 – ou mais de 78% – também apresentaram resultado positivo nos testes parasitológico e PCR. “Os resultados indicam que esses cães tinham leishmaniose e também sugerem a existência de resultados cruzados”, garante Marcella. O uso das três técnicas, segundo o estudo, permitiu uma alta exatidão no diagnóstico da leishmaniose e da doença de Chagas nos cães analisados. “Pela PCR, registramos um número maior de animais infectados do que a própria sorologia. Ou seja, esse exame elucidou os falsos negativos”, afirma.Segundo a veterinária, devido à alta sensibilidade e especificidade da PCR, os resultados são mais precisos. “O exame PCR é usado predominantemente em pesquisas, porque é uma técnica cara, embora ao longo dos anos o preço venha se reduzindo. É um exame imprescindível e muito sensível porque ele analisa o DNA do parasita”, diz Marcella.
Urbanização da doençaTambém conhecida como “calazar”, a leishmaniose visceral é causada pelo protozoário leishmania, que precisa do mosquito fletobomíneo (vetor) e de um animal vertebrado (reservatório) para completar o seu ciclo de vida.O cão é o principal reservatório da leishmaniose no ambiente urbano. Mas a doença, que pode ser transmitida ao homem, só ocorre por meio da picada do inseto. Segundo Simone, o cão, em particular, é o principal reservatório do parasita porque o mosquito se adaptou aos ambientes urbanos. “A doença era registrada principalmente em áreas rurais, mas nas últimas décadas vem invadindo os grandes centros porque o mosquito tem se adaptado melhor aos ambientes urbanos devido ao desequilíbrio ecológico”, explica.Os sintomas incluem alterações de baço e fígado, emagrecimento, hemorragias, diarreia, aumento significante do tamanho das unhas, alterações oculares e articulares, anemia, febre, vômitos, apatia, nódulos subcutâneos e erosões, úlceras na pele, entre outros.Simone aponta que a própria natureza do cão permite que ele concentre uma quantidade maior do parasita, principalmente na pele. “O cão, assim como o gato, é uma fonte de infecção para Leishmania e Trypanosoma cruzi. E, como os cães e gatos estão mais próximos do homem – e das crianças –, há perigo dessas enfermidades para a população humana”. De acordo com a especialista, o estudo é importante para a escolha da técnica correta de diagnóstico. “Compreender o ciclo epidemiológico da doença é tarefa de grande importância, pois o problema da leishmaniose não será resolvido apenas com o sacrifício de animais”, destaca.Para ler o artigo Leishmania spp. and/or Trypanosoma cruzi diagnosis in dogs from endemic and nonendemic areas for canine visceral leishmaniasis, de Marcella Zampoli Troncarelli, Simone Baldini Lucheis e outros, clique aqui.

Fonte: Agência FAPESP



































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